Pandemia

Enfermeira santa-mariense que trabalha na Itália está contaminada e faz alerta

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A enfermeira santa-mariense Caroline Calegari Dias, que trabalha em um abrigo de idosos na cidade de Rapallo, perto de Genova, no Norte da Itália, está contaminada pelo coronavírus e ficou isolada em casa, junto com a filha de 8 anos. Ela faz um apelo para que os brasileiros e santa-marienses não menosprezem o perigo dessa doença e também para que aguardem mais um pouco em casa.

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Caroline diz que a Itália demorou para agir porque a epidemia parecia distante, só na China. O primeiro caso em solo italiano foi em 21 de janeiro, e o número cresceu muito rápido porque, no início, só foram fechadas escolas e universidades:

- Agora em 28 de março, estamos com mais de 10 mil mortos, e são pessoas de todas as idades. Não é só velhinho, mas claro que tem muito. Eu tenho uma colega de 40 anos entubada, uma pessoa sã. Não sei se viram na França e na Espanha, um rapaz de 17 anos, uma menina de 16 anos, outra de 28 anos. Outros dias, morreu atleta de 32 anos, que não fumava e fazia esporte. No início, foi um horror, inclusive aqui na clínica. A gente não está falando de números, mas falando de pessoas, que são nossos pais, os avós de nossos filhos, de repente é o nosso marido. Não está toda aquela coisa lá longe. Eu sou santa-mariense e tenho minha família em Santa Maria e tenho muito medo que isso aconteça aí.

Ela conta que as chamadas zonas vermelhas, onde houve restrições iniciais, são os locais com menos casos hoje.

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- Dia 11 de março veio decreto firme de cima, de fechar tudo geral. Escapou essa notícia às 21h, e foi todo mundo correndo para a estação para começar a pegar trem até a meia-noite, para viajar e ir para casa. Isso estourou em 15 dias, essas mortes de ontem foram em função dessa movimentação que teve, que estamos pagando dessa forma. São quase mil pessoas que morreram só num dia.

Caroline diz que está em casa devido ao coronavírus:

- Peguei em fase leve, mas não é gripezinha, pois tem dispneia (dificuldade de respirar), dor de cabeça, diarreia, febre. É invalidante, você não pode fazer nada em casa, pois dá falta de ar. Mas eu tenho vários colegas jovens entubados. Esse discurso de que os idosos ficam em casa e os jovens trabalhando não rola. E até porque se abrir as escolas, a criança vai ter distância de segurança? Uma criança de 3 anos vai saber se cuidar, vai espirrar no cotovelo? Não vai. Daí depois, ela vai na casa do vô, na mãe, vai para a casa de pessoas que estão mais debilitadas. E não é só coronavírus e Covid. Porque se a pessoa está mal, precisa de ventilação. A complicação desse vírus é esse tipo de pneumonia. Ela gruda o pulmão, é como se fosse um saquinho de plástico que gruda. Aqui, o pessoal faz a ventilação para prevenir isso, para manter o músculo cheio. Porque a crise respiratória evolui em duas ou quatro horas. Eu vi, morreu na minha mão gente que estava bem. Gente de 60 anos, e não estou falando de 105 anos. Não tenho por que inventar isso, não tenho interesse político. Não sou economista e entendo o lado do pessoal que quer trabalhar, mas é assim em todo o mundo. Aqui também está tudo parado, um caos. Inclusive tenho amigos que abriram empresas há pouco tempo, é um caos para todo mundo. Aqui, não tem mais leitos de hospitais, e estão mandando pacientes para a Alemanha.

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